
Confesso que a minha ingenuidade permitiu acreditar no alcançar dos 60 anos com um mundo diferente e igualitário. Lembro de 1977, na pré-adolescência, trajado de uniforme escolar, caminhando pela esburacada Praça Deodoro, quando escutei no radinho de pilha a música “O dia em que a terra parou”, do Raul Seixas. Para um filho do golpe militar, nascido em 1965, vivendo a geração que não conseguiu pensar ou achar, imagina reivindicar a “liberdade de expressão”, termo moderno para nossos ouvidos, as composições do “Rauzito” eram como grito de rebeldia.
Nem vou perder tempo na análise ideológica dos dominantes nos poderes, todos os ocupantes no Maranhão e no Brasil, no caso do mundo é muito grande para confirmar, ainda estão utilizando desta malandragem para incentivar a imbecilidade no debate público, desviando as cobranças na eficiência dos gestores diante das promessas nas campanhas eleitorais, isto quando existe a tal democracia. Vivemos no país injusto, corroído pelos corruptos que mantém a academia da violência como forma do controle social.
Pensa em um menino branco, dos olhos azuis e cabelos loiros, sempre vivendo entre os mais ricos e os que nos chamavam de filhos dos doutores, ou do Barão. Detalhe, meus pais nunca foram ricos. Sentia que a discordância era uma ebulição na minha mente, crescendo no Maranhão do silêncio servindo ao papel do bom relacionamento entre os senhores e seguidores. Parece que não funcionou no meu caso, não soube aproveitar da intimidade e do sobrenome para usufruir como um dependente do dinheiro alheio.
Ainda sinto o gosto do sangue na saliva quando as letras incomodam os viciados no poder, confesso o prazer no saber que nunca ousaram ou conseguiram processar judicialmente as minhas matérias, notas e falas. Sem esquecer, as inconfundíveis charges do genial Nuna. Tudo elaborado, montado a partir da simples verdade. Jamais registrando os fatos de cunho pessoal. E olha que ficamos sabendo de histórias cabeludas, principalmente dos moralistas.
Imagina que meu recém-nascido neto Pedro Klamt, carinhosamente chamado de Pipo, chegou neste mundo injusto, sendo um duplo cidadão americano e brasileiro, mas, como meus filhos, exercendo o pleno direito de defender o que acredita como ideal. Talvez, os nascidos neste tempo, não precisem necessitar de um dia que a terra parou para começar tudo novamente. Sou um equilibrado, nunca satisfeito, para acreditar que teremos o amanhã do direito ao direito com os mesmos de sempre, fazendo o mesmo de sempre.
LEMBRANDO QUE HOJE, 10 DE MARÇO, REALMENTE COMEÇA O ANO DE 2025. ENTÃO, ACABOU A FOLIA. VAMOS TRABALHAR!
- Coluna Aparte publicada nas segundas-feiras, na página Política, no jornal O Imparcial.
- Charge do genial Nuna.