
Lembrei de um dia que uma torrencial chuva me obrigou a procurar por proteção embaixo da marquise da antiga sede do Banco da Amazônia, na Praça Pedro II. Fiquei olhando o Palácio dos Leões, enquanto aguardava passar o dilúvio de água e vento, pensando que as telhas da casa do poder executivo estadual molham da mesma forma que o prédio da prefeitura de São Luís, do judiciário e, inclui, o arcebispado. Todos belos e portentosos monumentos, dependentes da capacidade dos ocupantes em jamais permitir que goteiras surjam, infiltrando e enfraquecendo suas paredes. Manutenções não dependem do querer ou no acreditar em patrimônios sendo levados para o além. A sucessão fica escrita nos atestados como registros de uma passagem conquistada pela inteligência e aceite popular.
Estava viajando nos pensamentos quando um barulho de pingo pesado despertou minha atenção para a calçada com uma pilha de caixas de papelão dobradas, como sempre, irresponsavelmente jogadas para quando o caminhão do lixo passar. Chuva chata e insistente foi amolecendo o grosso material, fazendo baixar de volume, ficando como uma gosma marrom. Resolvi abrigar meus cabelos secos no banco, fazendo de conta que estava querendo resolver algo importante. Demorou para São Pedro fechar a torneira, a farra nos céus foi de toneis de vinhos.
De volta à calçada, encontrei o normal movimento das pessoas e carros, os prédios molhados com seus privilegiados ocupantes decidindo nossas vidas, seja como for, sempre vai existir os escolhidos pelo voto, nos concursos e por “Deus”. Todos sabendo que tudo pode ser cumprido como manda o figurino ou aproveitando o período de inverno para tentar fazer a decomposição e reaproveitar o material solido ou frágil.
Nada diferente acontece no Brasil e no Maranhão, as zangas são transformadas em ódios políticos, esperando a chance de aplicar o golpe no poder. Pode ser pela truculência das botinas, das balas e no judicial. Espantoso ler a manchete da imprensa nacional registrando os membros do STF fazendo a leitura de um quase possível golpe contra a democracia, no Maranhão, diariamente, espalham a tal tomada de poder na próxima semana. Realmente cansativo!
Grande piada que precisamos de um pré-candidato a presidente do Brasil como o único possível negociador das nossas picuinhas políticas. Curioso que trancafiaram o indesejável e ex-presidente Bolsonaro (PL), deixando vazio na decisão de quem será o concorrente do Lula (PT), mesmo assim ninguém pode afirmar que a esquerda vence a eleição em 2026. Incontestável que o Bolsa Família continua sendo a senha para o petista ganhar a maioria dos votos no Maranhão na plataforma da medíocre miséria.
O inverno está chegando, os prédios estão no mesmo CEP, o Lula não vai abrir o guarda-chuva para resguardar ninguém da chuva ácida da política, como sempre, salva o penteado dele. Restando aos pré-candidatos ao governo do Maranhão mostrar que conseguem fazer votos. Lula (PT), Brandão (PSB?) e Flávio (STF) estão abrigados em Palácios de pedras. Quem quiser, consiga um grosso papelão até o próximo verão!
- Coluna Aparte publicada nas segundas-feiras, na página Política, no jornal O Imparcial.
- Charge do genial Mestre Nuna.

