Coluna Aparte – Transparentes

Estão em todos os locais, vagando pelas ruas, sujos, maltrapilhos, bêbados, drogados e famintos.

Olhamos, mas não os vemos, são os invisíveis sem o comprometimento de uma sociedade que sempre aponta o poder público pela irresponsável paternidade destes seres presentes ao cotidiano sem o direito de inserção na categoria de gente.

Espalhadas pelo Maranhão, em todos os municípios, ficam registrados como pobres coitados catando os lixos ou no aguardo de algum cristão com uma marmita e a roupa que saiu da moda.

Somente aumenta o número de andarilhos sem destino, enquanto imbecis discussões políticas tomam conta da pauta na imprensa e do debate popular, tornando fácil ninguém assumir a responsabilidade pela degradação familiar muitas vezes geradas pela corrupção em verbas destinadas a estruturar o social e, principalmente, a geração de renda que permite a retaguarda contra a violência humana.

Dinheiro tem, muito dinheiro, faltam gestores competentes e a pressão da população para um urgente e permanente processo de reintegração destes personagens invisíveis ao seio do lar, cuidando de cada membro, de cada problema, sem sequelas que tragam as doenças da alma. Destas que sentimos e fica no inexplicável.

Existe a assistência social, existem profissionais capacitados, sem condições de exercer um trabalho digno e eficiente. Inauguram obras todos os dias, em nenhuma delas o miseráveis das ruas tem o passe de entrada, sobram as esquinas, sinais e praças para a presença passageiras, sempre seguidos pelo aborrecimento dos motoristas blindados e refrescados no ar condicionado dos automóveis.

Donos do poder passam por eles e ainda lamentam a situação, nada haver com eles e suas funções. Textos ficam sem peso, para nada servem aos olhos dos dirigentes do caos, podem servir para mostrar que a história sempre será a repetição da maldade ao próximo.

  • Coluna Aparte publicada nas segundas-feiras, na página Política, no jornal O Imparcial.
  • Charge do Nuna.

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